Meus
caros amigos, irmãos e irmãs, todos nós, sem exceção, carregamos o profundo
desejo de alcançarmos a felicidade que não passa, mas esta é muito discreta e
se oculta para que a encontremos e conquistemos. Acredito que ela mora em um
santuário que se chama amor, e se ainda não conhecemos o caminho para se chegar
lá, Jesus vem nos dizer: "Eu sou o caminho..." (Jo 14, 6). Tal felicidade é
traduzida então como santidade e deixa de ser algo procurado porque já nos foi
impresso na alma e faz parte de nosso ser.
Todos
nós somos chamados a sermos santos e santas, essa é nossa principal vocação. -
"Dizem que um repórter ao entrevistar Madre Tereza de Calcutá, lhe falou sobre
sua fama de santidade e lhe perguntou se era verdade. Para a surpresa de tal
repórter, ela respondeu: `Sim, sou santa e você? ´" - São Paulo nos lembra
muito bem em sua I Carta aos Tessalonicenses: "Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos nem da noite
nem das trevas. Deus nos destinou para alcançarmos a salvação por meio de Nosso
Senhor Jesus Cristo." (I Tess 5, 5-9).
Nossa
inquietude e busca de realização é na verdade o anseio de encontrar com Deus no
santuário de nossa alma. Como nos diz Santo Agostinho: "Fizeste-nos, Senhor, para Ti, e nosso coração está inquieto enquanto
não descansar em Ti." (Confissões 1,11).
Santidade não é entendida apenas por
ausência de pecado e tampouco por uma devoção fantasiosa, mas, é acima de tudo
um apelo de Cristo: "Deveis
ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5, 48). Perfeição na
linguagem de Cristo é ter compaixão pelo próximo. Tanto que o Evangelista Lucas
nos apresenta o mesmo relato com a palavra misericórdia: "Sede misericordiosos
como o vosso Pai é misericordioso." (Lc 6, 36).
Também ao jovem que estava em busca do segredo
para adquirir a felicidade eterna, o Mestre Jesus disse: "Se queres ser
perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus.
Depois vem e segue-me. (Mt 19,21). Ao dizer, segue-me, Jesus o convida a ser um discípulo missionário
Dele, a aprender Dele o que significa a misericórdia e sair como Ele ao encontro de todos: homens e mulheres,
pobres e ricos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores... "Ao participar dessa missão o discípulo
caminha para a santidade. Vivê-la na missão o conduz ao coração do mundo. Por
isso, a santidade não é fuga para o intimismo ou para o individualismo
religioso, tampouco abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos,
sociais e políticos do mundo e muito menos fuga da realidade para um mundo
exclusivamente espiritual." (DAp 148).
João
Paulo II, Madre Tereza de Calcutá, Zilda Arns, Dom Luciano, Irmã Dulce, Dom
Helder Câmara e outros tantos, são exemplos de pessoas que atenderam a essa voz
interior, esse desejo de serem santos, serem perfeitos, serem felizes e
correram atrás de seus ideais. Isso não quer dizer que não tiveram momentos de
sofrimentos. Pe. Zezinho em uma de suas
inspiradas canções lembra: "Jesus rima com
luz, mas também rima com cruz".
Nós,
discípulos e discípulas do Mestre, percorremos o mesmo caminho que Ele
percorreu, aprendemos o amor até as últimas consequências, porque não há maior
prova de amor que dar a vida pelos amigos, ainda que não seja vida derramada em
sangue, doada pouco a pouco em favor dos irmãos. E no final poderemos dizer
como São Paulo: "Combati o bom combate,
terminei minha corrida, conservei a fé. Agora só me resta a coroa da justiça
que o Senhor me entregará naquele dia." (IITm 4,7- 8a)