Uma fé que clama - Lc 18, 1-8
Ir. Cleuza Alves
"Quando o Filho do Homem vier encontrara fé sobre a Terra?" Lc 18, 8
Texto
Bíblico: 18,1-8
1 - O que
diz o texto?
A cena da parábola
de hoje, nos apresenta dois personagens que são os protagonistas. Apresenta um
juízo que "não teme a Deus" e "não respeita
ninguém" homem que não consegui ouvir a voz de Deus e não tem
sensibilidade aos sofrimento dos outros. De outra lado a
parábola fala de uma viúva que tem muita fé e que protesta, insiste pedindo
justiça apesar da insensibilidade do juiz. De acordo com a tradição bíblica, a
viúva, como também o órfão e o estrangeiro, representa pessoas indefesas ou
seja, que vivem desamparada abandonada. A viúva era uma mulher sozinha, sem nem
uma segurança de esposo e desprovida do apoio social. Só possuia adversários
que aborrece.
No evangelho de
hoje nos é apresentada a pobre viúva
que clama por justiça; ela não possui outro defesa a não ser a sua voz
para gritar e exigir os seus direitos. Sua súplica é a de todos os oprimidos
injustiçados. Um brado que vai ao encontro daquilo que Jesus dizia aos seus
seguidores: "Buscai o Reino de Deus e sua justiça".
Esta parábola não
trata de uma circunstância particular, mas recolhe a experiência mais profunda
da Bíblia, desde os hebreus no Egito que clamam e Deus os ouve. Para que a
realidade se transforme, permanece sendo necessário o grito das viúvas, a voz
de todos os explorados do mundo, que clamam diante de Deus e diante dos homens.
2 - O que Jesus diz para mim?
Percebo por meio
deste relato a conclusão do mesmo que Jesus, que a chave é a "sede de justiça"
em expressão "fazer justiça" repete quatro vezes. A viúva representa o relato
de uma mulher corajosa que grita pelos seus direitos em uma sociedade corrupta
e desumana.
Essa viúva nos
motiva a sempre gritar pelos nossos direitos (plano político, religioso e
social). Muitas vezes nos falta esse grito corajoso mas muitos preferem se
calar diante da realidade injusta que encontramos e se compactua com a situação
alienante.
3 - O que a Palavra me leva a experimentar?
Que muitas vezes
aqueles que deveriam gritar como a viúva, preferem
fazer pacto com o juiz, com o opressor. Essa tem sido a atitude de grande parte
das pessoas, daqueles que dizem que nada podem mudar. Na verdade, é a atitude
daqueles que não creem em Deus.
Vivo em um mundo que parece dominado pela voz
daqueles que vivem para se impor, pela propaganda de um sistema que quer
emudecer todos os gritos e iludir a todos com o circo midiático das mentiras
organizadas. Pois bem, contra tudo isso, tenho que me comprometer a elevar
minha voz profética, como
tantos homens e mulheres do meu tempo.
4 - O que a
palavra me leva falar com Deus?
Senhor, vejo que
essa viúva "crê" (tem fé) na força de sua persistência pedindo justiça. Numa
dimensão mais profunda, o grito do desprezados e das viúvas ecoa na mente
daqueles que se beneficiam do sistema social injusto. Trata-se não de
resignar-se, de não aceitar meramente o mundo como está, mas de protestar
contra o mesmo.
Esta viúva simboliza
as vozes de todos aqueles que gritam e protestam. Se todas as viúvas do mundo
gritassem, se todos os pobres gritassem, se todos os que se sentem enganados
por esta sociedade elevassem a voz, o sistema social tremeria diante do grito
da vida. A consequência final não estaria no triunfo dos mais fortes e importantes,
nem no poder do dinheiro, mas no grito incessante, de não agressão ativa. O
grito dos que clamam diante de Deus e diante dos homens tem uma força infinita;
trata-se da onipotência daqueles que clamam.
5 - O que a Palavra me leva a viver?
A perseverança e a
persistência de uma pobre viúva põem em cheque a um auto-suficiente e arrogante
juiz que se avalia mais valente. A assiduidade é como a gota de água que pouco
a pouco vai perfurando a pedra; a constância é capaz de encurvar o mais duro
coração.
Aparentemente o
grito da viúva parece muito pouco; não é nada e, no entanto, essa voz foi e
permanece sendo mais poderosa que todas as armas e dinheiro do sistema. Como a
voz de Jesus que gritou contra as injustiças, a favor da justiça do Reino, mas
foi morto. É atual que não conseguiram calar sua voz, pois esta continua
ressonando e perturbando a vida de muitos acomodados. Portanto deve assim ser
minha voz, meu grito, contra a ordem econômica injusta, contra uma sociedade
que engana para manter privilégios, e inclusive contra as religiões que me
obriga a ficar em silêncio.
+ Leitura Orante